quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Danse de vent


Madrugadinha fria, deixei o edredon de lado, quis sentir o frio penetrar minha pele, na tentativa de me certificar que eu estava mesmo viva. E estava.Meus olhos abriram com o nascer do sol, levantei-me... Do guarda-roupas retirei um vestido curto, vesti e fui pra sacada. O frio tomou meu corpo... arrepiei, inteira e intensa. Os pés descalços, a alça do vestido, as pernas nuas, cruas e nuas... O vento se apossando de mim. Meus cabelos envoltos numa fita imaginária, uma fita colorida que prendia na nuca. O meu som interior cantava... A fita do cabelo, ouvindo a sinfonia desprendeu-se para bailar na companhia do vento, esse mesmo que a levava cada vez mais alto. Os cabelos agora presos apenas na cabeça imploravam pela mesma liberdade da fita. Sacudiam, agitavam... sossegavam.A música dentro de mim começou a tocar mais forte, mais alto, mais imensa, mais intensa... O vento agarrou-se na minha cintura e me tirou para dançar. Dançamos a dança do íntimo, a valsa do sorriso, o bolero de manhã's. Eu estava exausta, mas ele insistia em dançar comigo, me rodopiava como se estivessemos num salão, me deixava cair sobre seus braços fortes de ventania. Me elevava, me conduzia. Um perfeito padedeux. Impulsionei-me num 'demi-plié' e saltamos num 'Sissone' perfeito. Permanecemos no ar, segundos eternos. E depois com toda a força do braços de um bailarino experiente, um legitimo 'Danseur Noble' o Vento pegou-me pela cintura e deitou-me no chão... E foi ventar prá lá. Acordei do que eu pensei tivesse sido um sonho. Levantei-me do chão em 'Demi-pointe' quando avistei no alto da mangueira a fita imaginária colorida ainda exausta como eu da 'Danse' de outrora!

domingo, 1 de novembro de 2009

Solilóquio


- Sabe o que acontece quando se coloca uma esponja na água?
- Bem, a esponja absorve a água.
- E se apertar a esponha?
- Certamente a água vai escorrer. Mas por que isso agora?
- Porque agora eu sei.
- Sabe o quê?
- Aquela noite, lembra?
- Quase todas me lembro... Quantas noites você já viveu...
- Digo aquela, de choro incessante.
- Incessante e convulsivo?
- Essa!
- E o que tem?
- Lembra o por que do choro?
- Mas se nem você sabe o por quê...
- Agora sei!
- Sabe?
- A esponja...
- Como assim a esponja?
- O coração aquela noite. O coração estava sendo apertado.
- E doía?
- Muito.
- E por isso chorava...
- Não!
- Não?
- Quando se aperta o coração, o sumo sai pelos olhos...
- E viram lágrimas...
- Isso!
- Ah! Agora eu também sei...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Pintei as unhas de vermelho!
E era como se em cada uma delas, conforme iam sendo pintadas, uma nova história fosse contada.
Nos mínimos, os detalhes. E a cada indicador os modelos destacados pelo pincel. De médio a longo os prazos, toda a tragédia, ops, toda a trajetória era moldada nos milímetros das unhas. As cenas anelares, polegadas de sentidos. Mais tarde, o algodão embebido no removedor retirava os excessos, nos cantos... pequenos borrões signicativamente significativos. E nesse instante perdi o paralelo com meu interior... não encontrei um removedor que fosse capaz de retirar meus excessos.
E mergulhada no meu vermelho interno, na constante escassez de desejos, parcimônia de tristezas nutridas, agarrei-me à poesia do limiar do meu eu-profundo... e assumi o vermelho das minhas unhas como uma harmonia do vermelho da minha intensidade particular.
E me abri. Me abri a novos prazeres, novos desejos, novos tons, sabores, novos sons... Toda rubra, toda viva, tal qual todo agora estou!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sobra tanto abraço, dentro desse espaço...

Era como se o abraço não fosse completo. Faltava alguma coisa... um vazio tomava conta dos corpos e sobrava espaço dentro do abraço.
A situação era inquietante, o outro lado fazia força pra fechar o abraço, e foi quando descobri que o vazio estava em mim.
Meus braços tornaram-se indolentes e a apatia começou a brotar pelo espaço que estava ali, ocioso.
Foi quando me dei conta que algo só sobra quando está cheio demais... e dá pra sobrar vazio?
Sobrou silêncio...
E num impulso, num sôfrego por tornar-se cheio, me apertei contra o outro abraço, um contra que se converteu em favor. E o abraço se completou, tão intenso, tão imenso, tão abraço...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009


Estou em reformas internas... Guardei todos meus sentimentos em caixas, separei por tamanho, engraçado que no fundo, acabam sendo todas iguais. Joguei fora coisas velhas, algumas novas... Pensei em doar, mas achei melhor descartar... Havia coisas que eram tão grandes e fortes que para me desfazer delas tive que espremer o coração, resultado, saiu pelos olhos...

A coisa que mais gosto de ficar olhando é janela, seja qual for, acho algo tão intenso, você pode estar dentro e sentir fora e vice-versa. Janelas me fascinam. Acordei e fiquei horas pendurada na do meu quarto. Gosto da mudança de cenário, os carros que passam as pessoas que transitam os pássaros que vêm me dar bom dia, o céu com suas múltiplas cores... Enfim, ajudou-me nessa reforma.

Eu gosto da minha companhia, me faz bem, mas estou em excesso de mim, precisava compartilhar meu "eu" com alguém, isso me faz falta. Tentativa frustrada nessas últimas semanas.
O violão não acompanha minha melodia, os lápis de cor parecem ter se rebelado contra minha postura artística, o papel e a caneta tracejam quase que sozinhos, não tenho mais comando de minhas ações, acho que nessa confusão de reformas, acabei me perdendo de mim. Se alguém por ventura me encontrar, me avise.

domingo, 16 de agosto de 2009


Meu coração se assemelha a um instrumento musical, dependendo de quem o toca (e como toca) é capaz de desabrochar duetos incríveis evocando o mais sublime dos amores em perfeita harmonia!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Des-culpe-me

E diante da situação ele me pediu desculpas. A palavra entrou forte em mim, e por instantes o mundo parecia ser aspirado por uma centrífuga, e eu, me perdi em pensamentos.
Des-culpar, tirar a culpa. Jamais tiraria a culpa dele, afinal ele cometeu uma injustiça, e des-culpá-lo seria não permitir que a consciência dele fosse visitada. Eu estaria traindo a condição humana. Não, eu não o des-culparia. De forma alguma...
E como se um filme tivesse ido para os comerciais, acordei com ele chacoalhando-me os braços e perguntando frenéticamente: "E então me des-culpa?".

Beijei-lhe a testa e disse:

"Des-culpar não posso, você já fez, é preciso assumir sua culpa. Mas perdoar, isso posso, e quer saber? Está mais que perdoado!"

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Quando os olhos veem

Dizia-se outro dia
Ingrato do marido
matou a pobrezinha
Labutava toda noite
Assossegava pelo dia,
o dito, desconfiado
Sondou Joaninha
Encontrou o que não queria
Acabou-se a gracinha!
Ainda dizia-se outro dia
Ingrato do marido...


............................................Marco Antonio Secco 06/2003

Decreto II - Há preço



Fica decretado que a partir de hoje o importante será o valor das coisas, e não o preço.
Uma vez que apreço não se compra, certo?!?
Mais vale uma flor roubada com amor, que um buquê caro comprado pelo telefone...

Decreto I - Há braços


Fica pois, aqui decretado que, excepcionamente todos os dias distribuirei abraços. E todos aqueles que não gostarem, podem devolver com a mesma intensidade ou mais forte! Esse é meu primeiro legado!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

E na parede do meu quarto...

Eu poderia citar Neruda.
Eu poderia usar da neurobiociência de vanguarda.
Descrever em milhares de detalhes que passam desapercebidos.
Contudo, resumo:
Me olha nos olhos,
Encoste tua mão na minha,
Pouse-a em meu rosto
E abraça-me forte, como se a idéia de soltar fosse a de deixar esvair a própria vida.


.................................... Ivan T. Gomes.01/08/2009.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sorriso com dente-de-leão


Ao meio de pequenas manifestações íntimas, grandes desejos de estar perto, em meio a camas juntas, mãos entre mãos, cabeça delicademente entre outras mãos, sonhos de abraços fortes, de corações ao mesmo ritmo, de bocas cheias de dizeres de amor, de bocas coladas aos pés do ouvido, de pele arrepiada, de lugares para se visitar. De textos anexados, de viagens programadas, de passagens em pesquisa, da manifestação do valor e não do preço. Em meio às conexões entre fios e milhares de quilômetros de distância... No meio de compromissos e não promessas, em frente ao não visto, ao lido e ao escrito. Na crença de um futuro bem perto de uma porta se abrindo, de fotos postadas, de mãos dadas... No meio do avesso, surge o pedido:

"Me dá um dente-de-leão pra eu soprar ao vento?"

Ele sem pestanejar ou fazer qualquer intervenção da dificuldade em encontrar um, responde:

"Dou, quantos você quiser, se não estiver ventando, eu sopro pra você soprar!"

E um sorriso mútuo pairou sobre o ar, percorrendo todos esses quilômetros, como dentes-de-leão ao vento, que ao cairem em terra, novos da mesma espécie farão brotar!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Limitando-se


Ao abrir a janela e me deparar com o muro branco, recolhi-me. Todos os dias eram assim, a janela do meu quarto dava para esse muro. Mas hoje, de forma particular, essa limitação me irritou. A mesmice da rotina, a redundância dos dias que são exatemente iguais. O calor que não me esquenta, o frio que não me resfria. O som que não me anima, a visão que se limita... E na tentativa (vã) de procurar pequenas felicidades, vou encontrando grandes fantasias frustradas dentro de mim.
O sol estava no céu pela manhã, costumeiro aos dias de inverno, brilhante e sem calor. O seu brilho tão intenso apenas, não fora capaz de esquentar a frieza dos meus sentimentos.

Sentada diante do caderno de trecos, as palavras pareciam esconder em minha imaginação, como se recusassem a transcrever minhas lamúrias inflamadas...

Como que fincadas pela minha insistência, as palavras pareciam tortas na folha, como se quisessem sair pulando pra qualquer outra história, que tivesse pelo menos a ânsia de o final sair feliz... mas perderam a luta, e ficaram por aqui sem saber qual será por fim, o fim.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Poetisa em Pessoa


Queria mostrar que era forte, claro, afinal quem gosta de parecer fraco? Revestida da minha armadura oculta contei-lhe das batalhas travadas, esqueci de dizer que estavam travadas como uma peça que emperra. Contei de amores nunca vindos, de dores nunca passadas, de lutas nunca vencidas.

Contei-lhe em detalhes imaginários meus sonhos que para ele foram reais, intensifiquei a voz, bati o pé, e no final acreditei em mim.

E então, quando o assunto terminou, o que era pra me fazer parecer forte por já ter passado por tantos entretantos... fiquei com pena de mim e nos despedimos com uma única certeza: "essa aí vai ser poetisa, daquela já descrita por Pessoa, 'finge tão completamente que chega fingir que é dor, a dor que deveras sente'."

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Sonhos

Nem precisei contar carneirinhos, tão logo encostei minha cabeça ao travesseiro adormeci. O sono veio com pressa, não tive tempo de retirar as meias que me incomodam tanto. Atingi o estágio REM ("Rapid Eye Movements") rapidamente, e o sonho quase transpassou minhas pupilas querendo chegar ao meu consciente:

O sonho

"O espaço era pequeno, mas dava para dois, parecia grande quando a saudade era minha única companhia.
A cada segundo que se despedia, era um despertar de ânsia para sua chegada, e aos poucos a saudade foi cedendo lugar para a ansiedade que disritmava meu coração.
Escolhi a roupa, afinal era para sair ao seu encontro para um momento importante e único. Eu de vestido rodado cor-de-rosa, sapatos de couro sintético da mesma cor, encontrei-me com você, que vestia um casaco preto sobre uma camisa branca, as calças sociais pretas confundiam com os sapatos. Nosso encontro foi num silêncio que gritava em nossas almas, gritava uma alegria infinita, um amor intenso, uma vontade mútua. Nossas mãos uniram-se como um enlace eterno, e saímos abraçados, com os corações pulsando no mesmo ritmo, no mesmo tom, na mesma sintonia da música que fora especialmente composta pra nossa felicidade sem fim."

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Música, a palavra é música.

"Acorde Sol", gritou a menina assim que acordou. Correu para o piano e fez o acorde mais bonito de toda sua vida, todos acordaram.
Com saíram todos daquele espaço, uns em maior, outros menor, outros ainda em sustenidos, e a sinfonia começara pela primeira nota para tocarem o infinito.
ao longe, disse o menino, a flauta doce do velho flautista começava a chegar perto de seus ouvidos musicais.
Quanto a MIm... o acidente não me eleva meio tom em sustenido, mas me abaixa em bemol.
Ao mesmo SInal de alerta, harmonia esperta.
O homem no meio da rua gritava: Vai de ... E o violoncelista embarcou sua sonata ao ar livre.
FAça música, a palavra é essa: Música!

- Em tempo: Essa é pra você, que gosta de falar FRANGO!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ao homem (des)conhecido

Caro senhor desconhecido,

ouvi rumores que o senhor poderia não gostar do meu blog porque o layout o faz parecer um Diário de uma adolescente toda cor-de-rosa.
Por isso, resolvi botar uma ordem na casa; troquei a cor do fundo por um azul, que faz lembrar o céu, talvez cada palavra transcrita aqui possa ser como as nuvens que fazem desenhos em nossa imaginação.
Ao título, uma cor mais séria, não menos chamativa, pra contrastar com meus dizeres, que são quase sempre cheios de alegria.
Queria [lembrar-te] dizer-te que cada ser em si guarda um diário, costumamos chamá-lo de lembrança, e tenho certeza que há muitas emoções adolescentes transcritas ou imaginadas ai nesse seu diário.
Para finalizar, peço-te gentilmente que leia meu blog com os olhos da alma, porque se por algum acaso o senhor encontrar algo infantil ou mísero adolescente, possa perceber algo semelhante em sua lembrança e trazê-lo a tona em sua imaginação, devolvendo aos seus dias a graça de procurar no céu, por entre as cinzas da poluição, desenhos esculpidos nas nuvens fofas da fantasia.


Atensiosamente

A menina que existe em mim e insiste em sair.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A casinha



Sempre disseram que ele era grande e cabiam muitas coisas ali, acho que me acostumei com essa idéia. As coisas foram chegando e fui alojando-as ali dentro. No começo, quando a casa é nova, vamos enfileirando, pondo tudo nas prateleiras, repartições, cheguei até arrumar certas coisinhas por cores. Mas o tempo passa, as coisas começam a aumentar, algumas em tamanhos, outras em proporções; com o tempo passando assim, fui ficando aos poucos sem ele suficiente pra organizar cada coisa em seu lugar, recebia tudo e ia jogando aos cantos, aos lados, ao centro.
As vezes precisava resgatar algo que eu sabia que estava lá, procurava no meio de toda aquela bagunça, encontrando coisas que poderiam ter sido jogadas fora, revirando e colocando tudo às avessas, desarrumando o desarrumado, perdendo e encontrando, e nessa bagunça toda também me perdi.
Deixei-me desencontrada ali, em toda aquela bagunça, revendo cada coisa deixada jogada, e como quem lê cartas velhas, fiquei vivendo de passados remotos, de sentimentos vividos, de amores contidos, de desejos repreendidos.
E quando achei que em toda essa bagunça ninguém mais me encontraria, fechei-me, e a bagunça era tanta que o espaço tornou-se pequeno, sumos saiam de meus olhos porque todos esses sentimentos me espremiam o pequeno coração.
Senti muito medo de tudo, o passado era escuro, frio e sombrio demais pra eu ficar ali sozinha, mas ninguém podia ouvir meus gritos silenciosos, meus murmúrios internos, meu choro contido.
E num repente, você apareceu com sua poesia, à luz começou a se acender, fui abrindo os olhos devagar, a pupila contraindo-se vagarosamente, você insistia, e coloquei-me de pé. Seus versos me convidaram pra uma dança, meus pés sem ritmos contorciam em um louco e frenético movimento. A bagunça era posta pra fora, pois sua poesia tomava conta de todo aquele lugar.
Convidei-o a entrar, o espaço se tornara suficiente para dois, agora poderiam ser apenas um, poderiam ali juntos morar. O convite estava feito, só faltava ser aceito. E enquanto esperava pela resposta, coloquei-me a escrever só para contar.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Enquanto isso, a chuva...


Uma tarde de outono fria e chuvosa, nem tão típica pra região brasileira que moro, meu primeiro ruído naquela tarde foi: "que tédio". Um tempo assim só iria me atrasar, a chuva ia me segurar em casa enquanto meus compromissos deslizariam com a enxurrada que descia. Sentei no sofá e comecei o murmúrio, as lamúrias, meu íntimo solilóquio. Levantei-me e andei em direção a sacada, abrindo devagar as enormes portas de vidro comecei a sentir o vento gélido batendo no meu rosto, avancei até o parapeito e olhei para baixo. As gotas da chuva escorregavam pela janela como uma criança desliza o traseirinho em um tobogã. Nessa analogia interna sorri. Mais adiante, um grupo de amigos aproveitavam a chuva para correrem entre as poças que a água da chuva deixava nos vãos do asfalto, o afeto e a correria se encarregavam de aquecê-los do vento que revirava seus guarda-chuvas. Sorri feliz. Voltei-me pra dentro de mim e pra dentro do apartamento fechando as portas da sacada. Sentei-me novamente no sofá e falei comigo mesma: "o que faz um dia de chuva e frio, ser tão claro e quente como um dia de sol é o calor e a alvura do meu coração." Feliz, botei uma roupa colorida, minha novas galochas cor de rosa, meu guarda-chuva desenhado um sol e saí feliz da vida. Sentindo o frio entrar na minha pele num sinal que eu estava mesmo era quente, e as gotas da chuva que insistiam em me respingar como se quisessem brincar, fazendo de mim, um vivo tobogã.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Tantos já falaram sobre ti,
Ahh,a ti, que até uma cor te atribuíram...
Tanto já sonharam, tantos a encenaram,
Tantos a deixaram, tantos...
Tão bonita em conteúdo,
Faz a gente nunca desistir,
Temática feminina faz-me pensar:
“Atribuíram-te ao gênero frágil, mesmo sendo tão forte”

Queria sentir-te hoje, bem forte em mim...
Vê-la fazer as mãos estremecerem, os pés ficarem frios,
Meu coração? Acelerar. Um misto de sensações...
Com as pupilas dilatadas poder ver-te melhor:
Seu verde, bem verdinho, como a relva que cobre o campo.
Ahh ESPERANÇA, anda de mim tão perto...
Mas por que que não me alcança?

quarta-feira, 18 de março de 2009


"Agora até meu coração tem sotaque, ele palpita cantando quando te vê!"

sábado, 14 de março de 2009

Com amor, algodão doce.

Ele devia ter uns 80 anos, sob seus cabelos curtos e brancos descansava uma boina de cor azul escura, vestia-se com uma calça de brim azul marinho, uma camiseta branca e um colete fechado também azul marinho. Ao fundo uma música que lembrava infância, um som com cheiro de chocolate e balas de mação verde. O senhor tinha um ar sóbrio e sério, e nas mãos um algodão doce cor-de-rosa.
Que contraste encontraste; A música em contraste com os anos vividos expressos na cor dos cabelos do menino senhor, a roupa escura e discreta em contraste com o algodão cor-de-rosa, a seriedade quebrada a cada mordida.
E aquela cena não me sai da cabeça, o dia em que conheci a poesia vestida de terno azul e algodão doce na lapela, dançando ciranda na minha imaginação.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Sentimental Verdade

Sentimentalismo
Sente e mente
Mente o que sente
Sente sua mente
O ismo...
Verdade
Verde idade
Esperança madura
Espera imatura
Saudade
Sentimental de verdade
Mentir e ver
Metade
Idade mental
Ver (se) da de imortal
...e morre.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Amor em Condicional


A sociedade prende-se no clichê: Amor tem que ser livre! Vemos nos sites de relacionamentos a opção: "Relacionamento aberto" e encaramos isso como livres de qualquer responsabilidade.
Mudam-se os valores, mudam-se as causas, enfim, muda-se.
Aquela dorzinha de ansiedade do: "Será que ele vai ligar?" já entrou em extinção.
A filha preparar o pai uma semana que o namorado vem pedi-la em namoro no final de semana? Coisa de novela de época.
E assim vamos nos enclinando em uma era "Em Condicional"...
Amamos por encomenda.
Sonhamos por encomenda.
É como entrar em uma loja, esolher as roupas, levá-las para casa, experimentar uma a uma e depois escolher, a que me caiu bem, a que mais me agradou, a que me deixou mais magra... E o que sobrou volta pras prateleiras da loja, até outra vir e fazer a mesma coisa, um ciclo.
Não concorda? Segue o raciocínio:
Sábado, você escolhe a balada como quem escolhe uma loja, seleciona os amigos como quem seleciona que tipo de roupa comprar. Dá um olhada geral, como quando passa os olhos pelos modelos e cores. E aos poucos vai selecionando, aquele com ar de intelectual, o da tatuagem, o com o copo na mão... e sai a caça.
Leva para casa, nem que seja na memória, e durante um tempo, seleciona o que mais lhe agrada.
O fulano mandou flores para você. E daí? Nunca reparou que ele só usa sapatos marrom?
O outro lhe falou palavras bonitas. Mas você não reparou como é magrelo? Pareço enorme perto dele.
Criamos amores em condicional, descartamos, acatamos...
E onde vamos parar, pergunto-me frente ao espelho.
E assim, escolhemos nosso amor em condicional para amarmos incondicionalmente, pelo menos até surgir um novo modelo que não pode faltar no guarda-roupas.
Ainda acredito no amor como peça única, aquela reliquia guardada a sete-chaves, desenhada única e exclusivamente. Mas é tão raro isso...

sábado, 14 de fevereiro de 2009


No meio do caminho dele havia duas coisas: Os livros e eu.


Ele parou e perguntou:


-O que há aí?


-POESIA, respondi.


-Nos livros, não em você. Retrucou ele.


-"..."

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Querência


Era um sábado de manhã, que se aproximava já sabendo que ia partir. Os olhos transformavam em nuvens carregadas prontas para desaguar...
O sol era intenso.
O sorriso era bem vindo, e já ia-se indo com o fechar das portas do ônibus...
A esperança ficou no pátio. Os olhos fitos na partida ficaram cravados como pregos no coração.
Era um misto de alívio e ânsia.
Era a saudade habitando o nosso lugar lá.
Lugar de cheiro característico, de vento inquieto, de calor humano.
Lugar de vontades, de sonhos, de missão cumprida, de querência de ficar, nem que seja na lembrança...

Acendam as luzes


E do escuro nasceu o teatro, e acendeu nossos sonhos. Cada novo ponto de luz era um par... de olhos atentos. E num segundo a claridade transformou toda quimera em realidade. Toda imaginação tornou-se palco, os ruídos viraram sons que viraram música. Os movimentos viraram passos que viraram dança. E o verbo ligava toda a ação. De cada ser um personagem de si mesmo, de cada si mesmo um personagem ser. E foi.O virtuoso sujeito, todo predicado, todo dedicado fazia malabares em linhas soltas, segurava a oração em prece e apreço.E o sonho se solidificou, sólido ficou, a roupa fantasiada, a cara pintada, e a mão todinha lavada... sem culpa. E a febre sarou... santo remédio o sarau... sem cessar.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sarau Serão



E a chuva melou o dia, e enquanto a maioria se dissipava em murmúrios, alguns guerreiros fizeram melodia, das gotas caídas que por este feito fazia subir, em flor, em voz, em valor, em sarau!

De que se é feito então se o efeito implora decência e perdão?
De que se refaz em mural, em papel, em cartaz, e na paz musical?
E de onde se cresce e se inspira, na luz que de dia se doa em farol,
Se ressoa harmonia, se faz da sonata o dueto da lua e do sol.
E se há sol pode haver uma clave, um cordel pode ser nossa chave.
E se abre o salão, e serão o sarau seremos então. Faremos.
A arte chegou e em volta ficamos nas curvas de um violão.
E a poesia que inspira soletra alegria em alto e bom som.
Dá-se em tom.
Inovação, invocação, se há prece, se apresse que as horas são e vão
Demonstração, satisfação, que sinto, na arte, na vida, na expressão.
No futuro o passado presente, sarau serão!