quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Longe é um lugar...


Ao entrar na Biblioteca, terminadas as provas, caminhei entre as tantas fileiras de livros dispostas no amplo espaço. Pelas prateleiras, autores descansavam suas frases, suas poesias e histórias em um silêncio barulhando conhecimento. Caminhei tranqüila, observando as texturas disponíveis ao toque, deixando-me levar pelos títulos mais apaixonantes, mais confusos, mais complexos. Em certo momento, enquanto eu observava alguns clássicos da literatura, tive a impressão de estar olhando no espelho, espelho que era capaz de refletir tudo quanto adquiri de conhecimento nesses vinte e poucos anos que vivi. Sorri abanando a cabeça, como se eu quisesse que esse pensamento dispersasse, onde já se viu uma prateleira de livros transformar-se em espelho... Só mesmo em uma Biblioteca para isso acontecer; se eu ainda fosse Alice, bem que poderia imaginar esse lugar em um país, uma vez que maravilhoso já é um adjetivo que esse espaço possui.

Continuei a passos curtos e vagarosos minha caminhada entre as estantes. Apesar de estar caminhando lentamente, não havia parado para, delicadamente, colher alguma flor desses imensos canteiros de conhecimento. Mas foi neste momento que algo aconteceu. Um livro saltou da prateleira e caiu na minha cabeça. Livro sazonado, maçã de Newton.

Fruto maduro, cor de laranja e um pássaro na capa. Uma águia, simbólico, essa idéia mística de ressurgir das cinzas. Havia também um sol e em letras pretas o título “Longe é um lugar que não existe” – Richard Bach. Criatura e Criador. O título é conhecido por nós.

Coloquei de volta o pequeno livro na grande estante, mas ele tornou saltar, abrindo dessa vez suas folhas como se fossem asas e pousou sobre minhas mãos... Asas abertas e mensagem no bico “Cada presente de um amigo é um desejo por sua felicidade”.

No meio dessa peripécia do acaso, lembrei-me que jamais estivemos distantes. Afinal, te guardei comigo como se fosse livro-pássaro, asas abertas, carregando conhecimento, sentimento e tantos outros alimentos para fazer crescer forte e poder alçar vôo tudo isso de bonito que guardo no meu ninho.

“E no meio do Aqui e do Agora, não acha que podemos nos encontrar de vez em quando?” Sigo dizendo – ave do meu ninho – quando se está dentro da gente, “Longe é um lugar que não existe!

3 comentários:

  1. Muito bom, deu vontade que isso fosse um livro pra continuar lendo...

    ResponderExcluir
  2. Ai Mel, você tem o dom das palavras, fiquei na vontade de ler o livro!

    Beijo meu doce! ♥

    ResponderExcluir
  3. Uma história linda essa sua com esse livro. Eu acredito muito que as bibliotecas são lugares meio mágicos, mundo dentro do mundo dentro do mundo. Sabe que esse livro foi um dos primeiros que eu lembro de o meu pai me dar para ler? Ai, lindo texto, Mel!

    beijo!

    ResponderExcluir