terça-feira, 20 de julho de 2010

Imagem em ação I

Dentro daquele corpo, algo piscava. Não era possível ficar por muito tempo apagado ou aceso, e o piscar incessante era a forma que conseguira para pode saciar a ansiedade que vinha de algo que jamais fora conseguido ser canalizado. Ela podia ter o dom para a pintura e com o pincel extravasar a ansiedade, podia ser atleta, correr e gastar toda a energia acumulada, socar um saco de areia com luvas de boxe, mas não, definitivamente não tinha habilidade para qualquer uma dessas coisas. Ela gostava mesmo era de imaginar, seu dom era esse, e ninguém, absolutamente ninguém supunha que atrás daquela figura que parecia ser a mais transparente do mundo, na verdade possuía um poço sem fundo de imaginações.
E para começar, bastava existir. Sabia argumentar sobre toda e qualquer teoria, era capaz de explicar com prática o porquê de certos acontecimentos, e a prática era adquirida por seu constante exercício de imaginar. Imaginava que a resposta para todos os questionamentos estavam, na verdade, dentro de cada um, mas era contra a idéia de dizerem que elas ficavam armazenadas no coração, para ela, o fígado, pâncreas e rins também eram bons guardadores de respostas. Ora, quem nunca depois de um copo, dois, ou vá lá, três copos de cerveja não tenha bloqueado sua razão e liberou do fígado aquela resposta que há anos buscava incessantemente? Uma boa pedra no rim também era capaz de fazer alguém no ápice da dor, atingir o metafísico e resgatar o perdido das idéias.
Vivia num universo paralelo e com isso habitava dois espaços sendo apenas uma, sem interferir na lei da física que propõe que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço porque o ela fazia era exatamente o contrário...

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